Congresso: servir a comunidade

Decorreu esta semana o 7.º Congresso Anual Val do Rio, integralmente online. Tendo em pano de fundo o tema para este ano, "Servir Com Unidade", o objetivo foi dar nova luz a um dos valores-chave do projeto educativo, o espírito de serviço, como salientou a diretora, Magda Vicente. Falando aos alunos, o diretor municipal de Cascais, Miguel Arrobas, alertou-os para a responsabilidade que têm em mãos: "se não houver, da vossa parte, amor para dar aos outros, disponibilidade e amizade, o vosso trabalho não fará sentido". Um mote que ajudou os estudantes a ouvir os testemunhos que se seguiram.

Paulo Azevedo, o primeiro orador, nasceu sem mãos, nem pernas. Perante o choque que tiveram ao vê-lo recém-nascido, os seus pais fizeram uma opção: dar-lhe todo o amor que pudessem. Foi essa "história de heróis" que Paulo contou aos participantes no congresso O que de Verdade Importa, concluindo que apesar de haver obstáculos intransponíveis, eles "podem ser enfrentados com o amor que vence barreiras".

O "pai" da Academia Johnson, na Amadora, nasceu na Cova da Moura em condições muito precárias, aos 10 anos já vivia na rua e aos 16 foi preso por tráfico e consumo de drogas. O percurso conturbado e longo de Johnson Semedo acabou por ser superado por um tratamento no projeto Homem. Foi aí que começou a tornar-se realidade o sonho de tirar da rua crianças de risco e expandiu-se uma pedagogia dos valores para o serviço.

Interpelados pelo olhar de um sem-abrigo, António Bello e dois amigos começaram por oferecer-lhe o jantar. Seguiram-se outros e outros, até que reconheceram a responsabilidade que lhes tocou à porta: "apercebemo-nos de um problema, e perante um problema temos de atuar". Assim foi que começou a obra Just a Change, uma organização que ajuda famílias pobres a recuperar habitações degradadas, tornando-as habitáveis e dignas. Com este testemunho concluiu-se o congresso, mas o trabalho dos alunos continua!

16.10.2020